Webquest

Hipertrofia muscular

Uma das questões fundamentais da fisiologia do exercício têm sido os mecanismos de adaptação muscular ao treinamento de força. A resposta habitual a estas questões é o aumento do tamanho, tanto em diâmetro quanto em comprimento, das fibras musculares existentes. A este mecanismo dá-se o nome de hipertrofia.

…….A hipertrofia do músculo esquelético corresponde ao aumento do volume da fibra muscular (aumento individual da sua área transversal). Trata-se de um fenômeno de adaptação comumente observado no tecido muscular quando este é submetido a um regime de exercício físico como, por exemplo, o treinamento de força ou treinamento contra resistência. O grau de hipertrofia sofrida pelo músculo estará diretamente relacionado ao tipo e intensidade do exercício.

À capacidade do músculo esquelético de se adaptar às demandas funcionais que o organismo impõe damos o nome de “plasticidade muscular”. Esse mecanismo de adaptação das proteínas componentes dos miofilamentos obedece a imposições hormonais e do exercício. Um exemplo claro e simples é a adaptação da densidade muscular que ocorre com um homem praticante de musculação. Com a prática contínua de levantamento de peso, observa-se um aumento da densidade muscular. Ao contrário, um músculo que perde a inervação, ou que é mantido imobilizado, pode sofrer um processo chamado de hipotrofia ou atrofia muscular, que se caracteriza pela perda da massa muscular (diminuição do conteúdo protéico da célula muscular).

…….A adaptação do organismo ao estímulo de sobrecarga tensional é a síntese de proteína contrátil miofibrilar, sendo este o mecanismo mais importante para a hipertrofia do músculo esquelético. A resposta metabólica ao treinamento também contribui para a hipertrofia da fibra muscular principalmente devido ao estímulo para o aumento do volume e número das mitocôndrias e ao acúmulo de glicogênio e água. Com isso, observa-se um aumento da resistência, aeróbia ou anaeróbia, dependendo do tipo de esforço envolvido no treinamento. A quantidade de glicogênio pode triplicar nos músculos adequadamente treinados e ao considerar que cada grama de glicogênio carreia quase três gramas de água, compreende-se o grande aumento do conteúdo de água intracelular resultante deste processo. Por razões diversas, a sobrecarga metabólica anaeróbia associa-se com maior grau de hipertrofia muscular do que a aeróbia. As mitocôndrias e a vascularização aumentam na sobrecarga metabólica anaeróbia em função da ativação paralela do metabolismo aeróbio.

Nos exercícios resistidos, as sobrecargas de treinamento no músculo esquelético podem ser facilmente manipuladas. O treinamento para força enfatiza a sobrecarga tensional com pesos elevados e consequentemente baixas repetições, geralmente entre três e cinco. Os intervalos entre séries costumam ser maiores do que dois minutos. A hipertrofia ocorre lentamente porque a síntese protéica é um processo lento e pode atingir grande magnitude. O treinamento para resistência é realizado com cargas menores e repetições mais elevadas, geralmente entre quinze e vinte. Os intervalos de descanso costumam ser menores do que um minuto. A hipertrofia ocorre mais rapidamente porque o acúmulo de glicogênio é um processo relativamente rápido. A magnitude da hipertrofia, no entanto é menor, pelo menos a curto prazo, visto que o processo é limitado pela saturação do glicogênio intracelular em torno de 4,5 gr %. A perda de volume muscular com o destreinamento é rápida, devido ao caráter não estrutural do glicogênio e da água. A hipertrofia máxima ocorre com a associação de sobrecargas, que pode ocorrer de diferentes formas. A mais simples e mais freqüentemente utilizada são as repetições em torno de dez movimentos, com intervalos entre séries entre um minuto e um minuto e meio. A força e a resistência anaeróbia aumentam paralelamente, justificando a utilização deste tipo de estímulo para quase todos os objetivos do treinamento com pesos.

Para diferentes estímulos musculares são esperadas diferentes respostas:

  • Repetições rápidas: o corpo recorre aos chamados fosfatos de alta energia (anaeróbia alática) que vem a ser a energia pronta no músculo para ser usada.
  • Repetições no dobro do tempo: o combustível teoricamente vem do metabolismo anaeróbio de glicídios possivelmente aumentando as concentrações de lactato e reduzindo o pH.
  • Repetições em tempos muito maiores: a via metabólica preferencial passa a ser a oxidativa.

O estímulo adequado no tempo certo é capaz de produzir respostas hormonais satisfatórias, especialmente no que diz respeito ao GH (hormônio de crescimento), insulina e testosterona, hormônios intimamente ligados à hipertrofia muscular.

…….Além da hipertrofia é possível que o aumento da massa muscular também seja resultado da hiperplasia, que pode ser traduzida por um aumento no número de células, ou fibras musculares em relação ao número original. No entanto, a hiperplasia parece ocorrer somente em circunstâncias especiais. O treinamento de força desenvolvido por atletas de elite de fisiculturismo parece ser uma das condições para a ocorrência da hiperplasia. Sabe-se que os protocolos de treinamento destes indivíduos se constituem de volumes e intensidades muito altos e que estes atingem um nível de hipertrofia muscular surpreendente. Ao que parece, há um limite para hipertrofia da fibra muscular esquelética e que, a partir deste limite, estas se dividiriam em duas fibras de menor tamanho para continuar crescendo.

…….Como descrito acima, deve-se presumir que o fenômeno da homeostase também se aplica ao trabalho muscular. Em todas as situações em que houver a uma maior demanda de trabalho, se faz necessário adaptar o músculo para garantir um equilíbrio dinâmico adaptado a uma nova realidade. Por outro lado, a diminuição do trabalho muscular culminará na diminuição da massa muscular que significa a resposta adaptativa, garantindo a capacitação para o trabalho na medida de sua necessidade.

LINKS & DOWNLOADS

“Fisiologia do exercício “ – Faculdade de Medicina da Universidade do Porto – Serviço de Fisiologia

” CEFE “ – Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício

“Potencial de ação” – Marcos Tavares

Skip to content